Tofo: à caça do tubarão-baleia

Resumo do Germano.

Em um dia nublado como o que chegamos, Tofo parece a praia da Gamboa, em Santa Catarina. Mar aberto, claro, com ondas e um vento constante. Dunas, pedras e até casuarinas, que é um tipo de vegetação que, na minha cabeça, só existia no sul do Brasil.

Para chegar no Tofo, passamos por Inhambane, a graciosa capital da província de mesmo nome. Inhambane parece Jaguarão e também Olinda; é uma cidadezinha bem limpa e portuguesa.

Apesar do aeroporto ser uma pista de pouso esburacada, a praia do Tofo é bem turística e tem uma estrutura melhor do que Vilankulos: há restaurantes, pousadas para diferentes gostos, casas para alugar. Claro, isso não quer dizer que não seja precário – parece Santa Catarina, mas não é Santa Catarina.

O que atrai as pesoas a Tofo são os pontos de mergulho (que dizem ser alucinantes) e o tubarão-baleia, maior tubarão do mundo, espécie em extinção que, apesar do tamanho, é inofensivo ao ser humano: por ter uma garganta estreita, ele só come pequenos peixes e crustáceos.

Pois, não existe vir a Tofo e não mergulhar com o tubarão-baleia. Em um dia de sol, lá fomos nós para a escola de mergulho, juntar-nos a mais nove pessoas em um bote. Antes de ir para o mar, um vídeo explica quem é o tubarão-baleia e os cuidados que devemos ter: ficar a uma distância mínima de quatro metros da cauda, não tocar no animal, não fotografar com flash etc.

Enquanto assistia o vídeo de pessoas nadando felizes ao lado do tubarão-baleia, começo a me imaginar em um documentário da National Geographic. O Germano, que não acha tão legal assim nadar perto de um animal tão grande, concentra-se.

É chegada a hora: todos empurram o bote na beira d’água e depois vão entrando, aos saltos. Caso você, como eu, nunca tenha experimentado entrar e sair de um bote a motor, resumo: é muito difícil porque a borda é alta. Com pés de pato é quase impossível, então vocês podem imaginar como fomos ágeis.

Todos no barco, saímos a caça do tubarão-baleia. O tempo máximo de busca é de duas horas e em menos de meia hora eu começo a rezar para que a gente encontre logo esse incrível animal: o mar estava muito agitado e comecei a enjoar para valer.

Uma hora se passa e nada do tubarão-baleia. Paramos em uma área com corais para mergulhar um pouco e não ficarmos tão frustrados. Com a superfície cheia de ondas, fazer snorkel dava mais enjoo que ficar no barco. Nadamos um pouco, vemos os peixes já conhecidos do litoral moçambicano (que são lindos com um mar calmo) e retornarmos a caçada.

Eis que em determinado momento o guia grita “coloquem as máscaras” e uns segundos depois avisa que é hora da gente saltar e olhar para baixo. A cena é linda: um bando de turistas desesperados saltando do bote para ver o tubarão-baleia, que passa a uma velocidade impressionante com um filhote.

De perfil, ele é assustador: tem as formas clássicas do tubarão, em tamanho gigante. A água estava turva e não deu para ver as pintinhas do bicho, muito menos para segui-lo a nado.

Teríamos ainda mais uma oportunidade de mergulhar com o tubarão-baleia, no mesmo esquema. O Ge achou melhor observá-lo do barco, já que o tubarão nada próximo a superfície  –e acho que viu melhor o animal do que eu, que mergulhei e só tomei pé de pato alheio na cara.

Basicamente, passamos duas horas no mar enjoando para ver por um minuto o tubarão-baleia. Eu fiquei tão mal que ofereci o café da manhnã para Iemanjá! Mas foi emocionante estar tão próximo de um tubarão. E, no nosso caso, conhecer um casal queridíssimo, o Luciano  e a Alexia – com quem passamos ótimos momentos nos dias seguintes e que nos deram várias dicas para nossa viagem :)

(Johannesburg, 19/10/2012)

4 Respostas para “Tofo: à caça do tubarão-baleia

  1. Rachael, adorei ler. Acho que vc já está falando português africano e, até escrevendo como uma típica portuguesa. ahahahaha.beijos

  2. Leio imaginando voce contando essas historias com seu jeitinho delicado e calmo que voce tem Ana rs.
    Estou adorando o blog e a viagem de voces :)
    Bjao

  3. Pingback: Komodo: aventuras submarinas | SÓ TEM AQUI·

  4. Tô indo pra Mozambique no final de abril pra nadar com o tubarão baleia, achei seu relato e me diverti aqui lendo, hahahaha…. Yemanja deve ter adorado o café da manhã :P

    Espero que o mar não esteja tão agitado quando eu for, hehehe.. beijos

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