Caimos no golpe africano

A gente nunca sabe quando vai acontecer e sempre torce para que nunca aconteça. Mas, estamos na Africa: é quase inevitável cair em um golpe. Fomos batizados no aeroporto de Johannesburgo, onde sempre tem muita gente circulando e a malandragem pode desaparecer rapidamente.

Estávamos finalizando o check in de um voo em uma das máquinas de auto-atendimento quando um cara surge do nada e aperta CANCEL na nossa tela. Ficamos indignados e perguntamos para esse indivíduo, que estava com o uniforme da companhia low-cost Mango, se ele estava louco. Ele começa a gritar, o casal que estava atrás de nós na fila fica puto também e diz que ele furou a fila; enfim, um auê.

Irritados e preocupados com o horário do voo, vamos até o balcão da British, lotado, ver se alguém pode nos ajudar a fazer o check in para não perdermos o voo. Peço informação a um cidadão que me orienta a entrar na fila do bag drop e não sai do nosso lado. Demorei para entender que ele não trabalhava para a British, que era na realidade mais um dos malandros que ficam zanzando em torno das longas filas de check in com o intuito de conseguir um trocado.

A atendente da British faz o nosso check in, mas informa que está dando problema no sistema e que não consegue imprimir o cartão de embarque. Estamos suando frio, porque estamos em cima da hora e precisamos passar pela imigração.

Nisso, ela devolve 55 dólares que estavam junto com o passaporte do Ge – para pagar o visto de entrada do Zimbabwe – e recomenda que ele não deixe dinheiro junto com o passaporte. Os 55 dólares que estavam com o meu passaporte, no entanto, ela diz que não viu.

A atendente finaliza o check in e diz que o voo inicia o embarque em cinco minutos e que precisaremos correr, porque o portão é muito longe. Claro, o nosso amigo que estava na fila nos acompanha na correria  e, quando chegamos ao portão da segurança, nos pede a tip (gorjeta). Dou o equivalente a uns cinco reais em rands e o cara fica puto, pergunta sobre a tip a atendente da British.

Passamos pela segurança e vamos até  portão de embarque – de onde escrevo agora. Não estávamos tão atrasados como supomos (na verdade o voo está atrasado) e só entendemos que era tudo um golpe quando sentamos e respiramos.

Um golpe do qual faz parte o cara que nos atrapalhou no auto-atendimento; o cara da fila e (o mais surreal) a atendente da British. Até agora não sei quem dos três roubou os meus dólares: façam suas apostas!

Já tínhamos percebido que a galera é bem malandra aqui na Africa do Sul, que os turistas são vítimas de vários esquemas – mas não imaginamos que poderia ser como foi com a gente. Quem  nos conhece pode imaginar a vontade de dar um murro na cara do indivíduo que interrompeu nosso check in sem mais nem menos e a raiva que estamos sentindo pela impotência diante da sacanagem – a mesma raiva que sentimos cada vez que somos passados para trás no Brasil.

Mas, fica a dica para quem vier para a Africa do Sul: prestem atenção o tempo todo a seu entorno.

(OR Tambo, 20/10/2012)

2 Respostas para “Caimos no golpe africano

  1. Eu acha que vocês perderam o dinheiro na correria e o “tadinho” do que lhe ajudou aguardando na fila e te levando onde deveria, e ganhou so 5 mirreis rssssss….bjs

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