Johannesburgo – uma cidade entre muros

SO (south) WE (west) TO (township)

Finalmente, a esperada Africa! O aeroporto de Johannesburgo não fica nada a dever a aeroporto europeu, mas antes mesmo da imigração já sentimos a vibe:  jovens falando alto, em uma língua desconhecida (zulu, sotho?) e uma certa impertinência, tão conhecida de nós brasileiros.

Mas, diferente de São Paulo (ou nem tanto) Johannesburgo é uma cidade fria e nervosa: não há calçadas, apenas grandes avenidas e casas ostensivamente seguras, com cercas elétricas e arames farpados. A cidade é arborizada, o asfalto sem buracos – mas poucos circulam; só os camelôs e pedintes nos semáforos. Nos bairros mais ricos e seguros para os brancos (Sandton, Rosebank), a classe média se encontra nos malls para consumir. Em Sandton, onde ficamos, tudo acontecia na Nelson Mandela Square, espécie de átrio com restaurantes e shopping.

Não se vive bem sem carro em Johannesburgo. O transporte público é ineficiente para atender a população e os taxis (vans caindo aos pedaços) levam pessoas amontoadas aos destinos mais distantes, como SOWETO, a mais famosa township do mundo.

As townships,  herança triste do apartheid, abrigam principalmente os negros e pobres e concentram boa parte do desemprego e violência. Visitamos SOWETO (que significa  South West Township) e em alguns momentos parecia que eu tinha retornado ao Complexo do Alemão no Rio: há áreas com boas casas e áreas como Kliptown, onde falta o básico, como banheiros, água encanada e luz que não seja gato.

SOWETO significou muito para a história da Africa do Sul, um país dividido entre brancos e não-brancos durante anos, no sistema do apartheid. Mas ainda é uma cidade fora da cidade. Não conhecíamos a fundo a história deste país e só fomos entender o que estávamos sentindo no segundo dia, depois de muita conversa e observação. Johannesburgo nos pareceu uma cidade ainda dividida, onde o preconceito e a tensão entre brancos e negros é muito presente.

Chegamos enfim a Africa, a uma de suas cidades mais desenvolvidas, hub aéreo e centro moderno para onde convergem os habitantes de tantas outras capitais do continente. Chegamos a Africa e em menos de dois dias nossas convicções  foram colocadas em xeque. Mate.

Só tem aqui: a língua africaaner, refrigerante de framboesa PnP.

(Maputo, 04/10/12)

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